Atuação do Fisioterapeuta na Extubação Paliativa: Revisão Sistemática
Introdução
Historicamente as Unidades de Terapia Intensiva-UTI, tiveram seu surgimento no início do século XX, que inicialmente eram chamadas de salas de recuperações, pois os pacientes que passavam por neurocirurgia necessitavam de um atendimento um pouco mais cuidadoso, o Hospital Johns Hopkins, NY-EUA foi o pioneiro neste serviço. No Brasil o implemento ocorreu em 1970, inicialmente no Hospital Sírio Libanês, SP, composto por dez leitos1.
O perfil dos pacientes internos nos leitos das Unidades de Terapia Intensiva eram vítimas de traumas, violência e pós-operatório, os cuidados eram prestados pelos médicos cirurgiões e anestesistas, mas o perfil dos pacientes mudou sendo mais presente as doenças crônicas não transmissíveis, neoplasias e diabetes, além da mudança do perfil dos pacientes devido ao aumento da expectativa de vida. Por esse motivo se fez necessário aprimorar as Unidades de Terapia Intensiva, com equipe multidisciplinar especializada de forma continua e integral, equipamentos de tecnologia avançada com o objetivo de prolongar o tempo de vida21.
O avanço das tecnologias, contribui para um melhor tratamento dos pacientes oncológicos, porém não influencia na redução nos números de casos, causando um elevado número de óbitos por neoplasia que ocorrem na grande maioria nos hospitais, especificamente na Unidade de Terapia Intensiva. A necessidade de internação desse
paciente é dada pelo agravamento da doença e piora dos sintomas, o que faz necessário equipe multiprofissional, cuidados integrais e contínuos32.
Por esse motivo os Cuidados Paliativos se fazem de grande importância para o serviço de saúde. Segundo a Organização Mundial de Saúde- OMS, Cuidados Paliativos tem como objetivo promover a qualidade de vida dos pacientes e seus familiares, diante da doença que ameaça a vida, através da prevenção e alivio do sofrimento, pois se inicia de forma precoce desde a avaliação ao tratamento da dor e outros problemas de origem física, psicossocial e espiritual4.
Cuidados Paliativos não se baseiam em protocolos, mas sim em princípios. Esses princípios são os pilares dos Cuidados Paliativos, sendo eles: Promover o alívio da dor e outros sintomas desagradáveis, Afirmar a vida e considerar a morte como um processo normal da vida, Não acelerar nem adiar a morte, Integrar os aspectos psicológicos e espirituais no cuidado ao paciente, Oferecer um sistema de suporte que possibilite o paciente viver tão ativamente quanto possível, até o momento da sua morte, Oferecer sistema de suporte para auxiliar os familiares durante a doença do paciente e a enfrentar o luto, Abordagem multiprofissional para focar as necessidades dos pacientes e seus familiares, incluindo acompanhamento do luto, Melhorar a qualidade de vida e influenciar positivamente o curso da doença e por fim, Deve ser iniciado o mais precocemente possível, juntamente com outras medidas de prolongamento da vida, como quimioterapia e radioterapia e incluir todas as investigações necessárias para melhor compreender e controlar situações clinicas estressantes5.
Diante de todos esses princípios não se fala em terminalidade, mas em doença que ameaça a vida, remetendo não a possibilidade de cura da doença, mas na possibilidade ou não de tratamento modificador da doença, assim não utilizamos mais a fala “não se tem mais o que se fazer”. A abordagem dos Cuidados Paliativos se inicia desde a avaliação, para que o profissional entenda a necessidade do paciente, qual o manejo a ser adotado, as complicações dos sintomas e o avançar da doença.
O tratamento paliativo se faz indicado para várias patologias, mas iremos falar em especial para os pacientes oncológicos. Mesmo nos casos de portadores de neoplasia avançada que se faz importante o tratamento cirúrgico, radioterápico ou quimioterápico que será de grande importância para o controle dos sintomas, mas, também trará
alterações devastadora na forma física, emocional e psicológica do paciente, o que se faz necessário a adoção de forma precoce de condutas terapêuticas dinâmicas, ativas e que sempre respeite os limites do paciente dentro da situação de incurabilidade6.
Quando se fala em situação incurável e prolongamento de vida por meios invasivos, resulta em maior sofrimento para o paciente e seus familiares, fazendo-se assim necessária intervenção da equipe multidisciplinar através de técnicas que realiza a remoção dos equipamentos que prolonguem a vida do paciente. Uma técnica utilizada é a Extubação Paliativa definida como, a retirada do tubo orotraqueal e desconexão da ventilação mecânica para que o paciente espere a morte em um curto espaço de tempo.
Para que essa técnica seja realizada existe o processo de comunicação que envolve a percepção, compreensão e transmissão da mensagem na interação entre paciente, familiares e os profissionais da equipe multidisciplinar para que o procedimento realizado seja ofertado da melhor forma possível7.
É comunicado para os familiares que durante o procedimento o paciente terá o controle dos sintomas para que os mesmos permaneçam durante todo o período com o paciente e a equipe multiprofissional fica disponível durante todo o procedimento para prestar a atenção necessária para os familiares e o paciente, destaca-se a fisioterapia/ fisioterapeuta como a área mais envolvida nesse processo. O fisioterapeuta se destaca na atuação direta da ventilação mecânica, para que isso ocorra se faz necessário o desmame dos parâmetros ventilatórios, alteração na modalidade ventilatória e extubação do paciente7.
Dessa forma essa pesquisa tem como objetivo realizar uma revisão bibliográfica, e destacar a importância da Fisioterapia em Cuidados Paliativos, quais as decisões e procedimentos realizados pelo fisioterapeuta na Unidade de Terapia Intensiva.
Materiais e Métodos
O presente estudo se trata de uma revisão sistemática, tendo base de conhecimento a partir de referências teóricas publicadas em estudos científicos anteriores. Utilizando de uma abordagem qualitativa, bibliográfica e cunho descritivo, aprofundando as informações e o conhecimento sobre o tema exposto.
A pesquisa foi realizada por meio virtual, via internet, utilizando de material publicado nesse meio, em bases de dados referentes na área de saúde: Scientific Eletronic Library (ScIELO), Literatura Latino Americana do Caribe em Ciências e Saúde (LILACS), Instituto Nacional de Câncer Jose de Alencar da Silva (INCA), Ministério da Saúde (MS), Physiotherapy Evidence Database (PEDro), PubMed, sendo captado artigos científicos, trabalhos de conclusão de cursos de doutorado, mestrado e especialização, Ebook, cartilhas e documentos científicos.
Foi utilizado descritores como: Unidade de Terapia Intensiva, UTI, Fisioterapia, Fisioterapia Paliativa, Cuidados Paliativos, Extubação Paliativa, mas a pesquisa foi realizada utilizando os termos isolados e posteriormente a associação entre eles.
Foi incluído publicações dos últimos 10 anos, em português e inglês, através das bases de dados já citadas. Na pesquisa o material selecionado inicialmente pelo título, posteriormente pelo ano da publicação, pelo resumo, os que abordaram o tema deste estudo, foram lidos na íntegra buscando sintetizar e responder a problemática deste estudo, o que a literatura aborda sobre a Fisioterapia Paliativa na Unidade de Terapia Intensiva, Cuidados Paliativos, Extubação Paliativa.
Foram coletados vinte e três (23) documentos científicos coletados para pesquisa quinze (15) foram excluídos e oito (8) foram colocados para formulação e escrita dos resultados encontrados, culminando com a conclusão do artigo.
Figura 1- Fluxograma da seleção dos artigos
Autores | Titulo | Objetivos | Métodos | Resultados | Conclusão |
Barreto; Bueno; Vitti; Serrão Junior |
Cuidados Paliativos em terapia intensiva: uma revisão integrativa de literatura |
Analisar por meio de uma revisão integrativa da literatura, o que vem sendo discutido sobre os benefícios da abordagem dos Cuidados Paliativos dentro da Unidade de Terapia Intensiva adulto, quais as suas limitações atuais e quais os protocolos utilizados nos últimos cinco anos. |
Revisão integrativa de literatura entre os períodos de 2014-2018 |
26 Trabalhos selecionados; 4 Trabalhos excluídos; 16 Utilizados. |
A utilização dos Cuidados Paliativos se mostrou positiva no ambiente da Unidade de Terapia Intensiva, diminuindo o uso do suporte artificial de vida e dando melhor qualidade dos cuidados de fim de vida prestados aos pacientes. Porém o ambiente da Unidade de Terapia Intensiva ainda tem um objetivo curativista, por falta de equipes multiprofissional especialista em Cuidados Paliativos. |
Cardoso | Extubação Paliativa: revisão de literatura |
Revisão de literatura para saber como e quando realizar a Extubação Paliativa |
Revisão de literatura |
184 Trabalhos selecionados; 144 Excluídos em uma primeira analise, 31 Excluídos em uma segunda analise; 9 Utilizados. |
O estudo concluiu que para se realizar o procedimento de Extubação Paliativa, se faz necessário ter uma equipe multiprofissional especializada. E quando o procedimento ocorre de forma correta e com profissionais capacitados, tem como resultado melhor qualidade na hora da morte, alivio e bem-estar ao paciente. |
Coelho; Yankaskas |
Novos conceitos em Cuidados Paliativos na Unidade de Terapia Intensiva |
Foi discutido como realizar o controle dos sintomas e o papel da dieta, da diálise e da ventilação mecânica em pacientes críticos com doenças terminais. Finalmente, salientaremos como os sistemas de cuidados paliativos e um sistema de hospice podem ser integrados com a equipe da Unidade de Terapia Intensiva. |
Revisão de literatura |
O artigo não especifica quantos artigos foram capitados para a realização do trabalho. |
Foi possível perceber que a mortalidade nas unidades de terapia intensiva permanece elevada, e as equipes de profissionais de saúde das unidades de terapia intensiva constantemente enfrentam situações complexas, nas quais o tratamento e as medidas de suporte avançado de vida não atingem os objetivos de evitar a morte, nem respeitam a vontade dos pacientes e seus familiares. Precisamos estar preparados para discutir com os pacientes e suas famílias as limitações da tecnologia para curar e também proporcionar cuidados de conforto. Por esse motivo se faz necessário que os hospitais desenvolvam protocolos para situações de conflito que envolvam as especialidades |
Lacerda; Silva; Brandão;Forte; Besen |
Retirada da ventilação mecânica como procedimento paliativo em uma unidade de terapia intensiva brasileira |
Caracterizar pacientes com Ventilação Mecânica Invasiva admitidos a uma única unidade de terapia intensiva (Unidade de Terapia Intensiva) com uma decisão de limitar ou retirar terapias de suporte de vida, comparando os pacientes que foram submetidos à retirada da ventilação mecânica com os que não tiveram retirada da ventilação mecânica. |
Estudo de coorte retrospectivo, realizado entre janeiro de 2014 e dezembro de 2018. |
Dentre 282 pacientes com limitações a terapias de suporte à vida, 31 (11%) foram submetidos à retirada da ventilação mecânica. Não houve diferenças iniciais entre os grupos. As taxas de mortalidade na unidade de terapia intensiva e no hospital foram, respectivamente, de 71% versus 57% e 93% versus 80%, entre os pacientes submetidos à retirada da ventilação mecânica e os que não o foram. O tempo mediano de permanência na unidade de terapia intensiva foi de 7 versus 8 dias (p = 0,6), e o tempo de permanência no hospital foi de 9 versus 15 dias (p = 0,015). A mortalidade hospitalar não foi significantemente diferente (25/31; 81% versus 29/31; 93%; p = 0,26) após o pareamento. O tempo mediano desde a retirada da ventilação mecânica até o óbito foi de 2 dias [0 – 5] e 10/31 (32%) dos pacientes morreram dentro de 24 horas após a retirada dessa ventilação. |
Concluísse que a remoção da ventilação mecânica não está associada ao aumento da mortalidade no ambiente hospitalar, em comparação aos pacientes ventilados com terapias limitadas de suporte a vida que foram extubados, mas percebesse que o tempo de internação hospitalar foi reduzido. As taxas de mortalidade se assemelhou ao dos países desenvolvidos, pois a aceitação dos familiares e pacientes contribuíram para esse resultado. Porém os autores ressaltam que se faz necessário a realização de estudos do tipo multicêntrico no Brasil. |
Louro; Paiva; Estevão |
Extubação Paliativa em pacientes terminais: revisão integrativa |
O objetivo deste estudo é realizar uma revisão integrativa e analisar/apresentar o impacto da Extubação Paliativa em pacientes terminais. |
Foi realizado busca de artigos em bases eletrônicas, realizadas no período de junho de 2019. Não foi escolhida uma data para corte devido à baixa quantidade de estudos disponíveis. Os artigos utilizados foi de 2001 a 2019. |
Foram coletados 44 antigos científicos; 29 artigos foram excluídos; 15 artigos foram utilizados na pesquisa |
Os autores relataram que mesmo sendo realizado a pesquisa com um pequeno número de estudos, foi possível observar que a Extubação paliativa se faz eficaz para os pacientes. Tais dados foram relatados pelos familiares, pois os mesmos observaram que aos pacientes submetidos a esse procedimento tinham uma melhor qualidade de vida e uma morte mais tranquila e sem mais sofrimentos. |
Andrade; Sera; Yasukawa |
O papel do fisioterapeuta na equipe |
Descrever a atuação do Fisioterapeuta no meio dos Cuidados Paliativos. |
Capitulo escrito no Manual de Cuidados Paliativos- ANCP, 2012. |
É descrito do documento várias técnicas que é utilizada pelo Fisioterapeuta, com o objetivo de ofertar conforto dos sintomas e qualidade nos procedimentos realizados. |
É papel do fisioterapeuta instituir um plano de assistência que ajude o paciente a se desenvolver o mais ativamente possível, facilitando a adaptação ao progressivo desgaste físico e suas implicações emocionais, sociais e espirituais, até a chegada de sua morte. |
Natividade ; Coelho; Aguiar; Da Silva; Silva; Soeiro |
Extubação Paliativa: reflexões bioéticas sobre cuidados em fim de vida |
Discutir sobre a Extubação Paliativa no âmbito dos cuidados em saúde, eixo de discussão as contribuições da bioética. |
Estudo bibliográfico realizado por revisão narrativa. |
A pesquisa ocorreu no período de outubro de 2019 a fevereiro de 2020. Foi selecionado 40 artigos publicados em periódicos; 4 eram manuais sobre o tema; 3 resoluções do Conselho Federal de Medicina; 2 capítulos de livro e o atual Código de Ética Medica. |
Extubação Paliativa é um procedimento já realizado em todo o mundo, mas no Brasil ainda é pouco utilizado, como também há poucas pesquisas sobre a temática. E existe os valores morais e religiosos que tem grande influência em nosso País. |
Nunes; Biazus; Moretto |
A fisioterapia no Cuidado Paliativo de pacientes com neoplasia maligna afetados pela Síndrome de Imobilismo |
Mostra a atuação da fisioterapia com diversas técnicas e recursos no Cuidado Paliativo ao paciente com neoplasia maligna, acometido pela síndrome do imobilismo. |
Capitulo do Ebook, O cuidado na multidimensiona lidade do envelhecimento humano; 2015. |
O autor relata que o fisioterapeuta é um dos profissionais que atua de forma direta na intervenção do paciente oncológico, não só durante o período de reabilitação, mas também na fase paliativa da doença. |
A fisioterapia tem papel importante nos Cuidados Paliativos, pois atua utilizando, além de técnicas mecânicas, mas técnicas manuais que também agem no sistema neuropsíquico, otimizando e humanizando o atendimento aos pacientes em estágio terminal. |
Rebelatto | Análise descritiva dos pacientes submetidos à Extubação Paliativa |
Avaliar o perfil clínico demográfico dos pacientes extubados paliativamente na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU/UFSC) |
Dissertação de mestrado profissional Estudo de Coorte histórico, cujos dados foram coletados através das fichas preenchidas por médicos intensivistas. Incluídos os pacientes que morreram na UTI/HU/UFSC, após indicação de Limite de esforço terapêutico, entre janeiro/2011 e dezembro/2014.Foram selecionados os pacientes que foram ExPl, sendo anotados seus dados clínicos e epidemiológicos |
Limite de esforço terapêutico foi apontado em 374 (53,8%) pacientes, sendo 23 (6,1%) ExPl. A média da idade dos ExPl foi de 73,8 anos, 10 tinham mais de 60 e 9 mais de 80 anos. Dez (43,4%) pacientes já haviam sido internados previamente na unidade de terapia intensiva. O tempo médio entre a internaçãoextubação foi 4,4 dias e entre extubação-morte foi de 2,5 dias. Doença neurológica foi a principal causa da morte dos pacientes ExP1. Todos os familiares estavam cientes da extubação. Familiares de 2 pacientes acompanharam a extubação. Morfina foi a medicação analgésica mais prescrita. |
Os pacientes que foram ExPl eram mais idosos, acometidos preferencialmente por doenças neurológicas e o tempo médio entre a extubação e o óbito foi de 2,5 dias. |
Discussão
Após a coleta de dados, foi possível identificar a importância dos Cuidados Paliativos na UTI e os benefícios da utilização da Extubação Paliativa para os pacientes, foi possível observar a importância do Fisioterapeuta como membro fundamental da equipe multidisciplinar.
Destaca-se a importância dos Cuidados Paliativos o ambiente de terapia intensiva, pois aumenta a qualidade dos cuidados de fim de vida, que é prestado aos pacientes que não tem possibilidade de cura. A utilização dos protocolos de Cuidados Paliativos contribui de forma positiva para a rede hospitalar, gerando redução nos gastos hospitalares, pois, os pacientes terão qualidade no cuidado de fim de vida, com menor permanência na unidade de terapia intensiva o que também diminuirá o tempo de uso da ventilação mecânica invasiva e procedimentos invasivos2.
A técnica de Extubação Paliativa que é utilizada mundialmente, pois ocorre a retirada do suporte de vida e apresenta resultados bem-sucedidos. A Extubação Paliativa é utilizada quando a doença já não apresenta mais objetivo de cura, dessa forma se realiza a técnica para diminuir o sofrimento do paciente8.
O preparo do paciente para que a Extubação Paliativa seja segura para o paciente, familiar e profissionais. O preparo inicia pela equipe multidisciplinar, que irá oferecer uma assistência digna ao paciente até o fim da vida, desconectar os monitores, medicamentos desnecessários, alimentação enteral deve ser retirada 12 horas antes do procedimento e retirar bloqueadores neuromusculares. Deve ser garantido ao paciente medicação endovenosa para controle ou alivio dos sintomas que ocorre diante da remoção da ventilação mecânica invasiva, os sintomas mais comuns durante o processo de morte ativa é a ansiedade, dispneia ou agitação, como forma de tratamento pode utilizar opioide,
benzodiazepínico ou sedação paliativa9.
Os cuidados ofertados ao paciente levam além de conforto para o mesmo também ofertam segurança para os familiares e o controle dos sintomas, evita o procedimento de reintubação. Os dados coletados no seu estudo avaliaram que, os pacientes que tiveram a remoção da ventilação mecânica invasiva tiveram a mortalidade mais elevada na UTI, porém quando comparado o número de óbitos dos pacientes submetidos a Extubação Paliativa o número de óbitos hospitalares se igualaram10.
O tempo de morte do paciente pode oscilar, pois dependerá da gravidade da doença e não só da retirada do suporte ventilatório, o tempo de vida até o óbito foi em média 24 horas, porém em pacientes mais graves que estavam em uso de ventilação com oferta de FiO2 maior que 70% e uso de vasopressores se levou um tempo menor para o óbito. Após a retirada do tubo orotraqueal, os pacientes podem evoluir com edema de glote, hipersecreção ou obstrução das vias aéreas o que pode contribuir para o desconforto respiratório após a Extubação11.
Dessa forma a fisioterapia utiliza de conhecimentos e recursos próprios para tratar desordem psíquicas, sociais e físicas do paciente. O fisioterapeuta é um membro da equipe multidisciplinar, a sua atuação é dada desde a avaliação especifica com o objetivo de utilizar recursos, técnicas ou exercícios, para proporcionar alívio de sintomas, além da
assistência a família em enfrentar o luto de uma forma mais confortável12.
Mas, o fisioterapeuta raramente é envolvido nas reuniões da equipe multidisciplinar e dos familiares, o que levaria a falta de interesse de participar desse procedimento, porém muitos dos sintomas que acontecem no procedimento de Extubação Paliativa como desconforto respiratório, acumulo de secreção, dispneia, poderiam ser evitados. O seu estudo mostrou que em alguns hospitais os fisioterapeutas participaram do procedimento e os mesmos acharam de grande importância a participação a sua atuação, pois a sua presença melhora a qualidade de vida do paciente e leva alivio no fim da vida, mas se faz necessário a padronização de protocolos de atendimento para essa população11.
Porém, existe a importância da equipe multidisciplinar, onde o fisioterapeuta integra a mesma, e listam como é importante utilizar de técnicas que reduza a secreção oral após a extubação, realizar a elevação da cabeceira do leito entre 35-45°, realizar desmame de oxigênio para respiração em ar ambiente, iniciar a redução dos parâmetros ventilatórios em 50%. Durante o processo de extubação se o paciente se mostrar confortável, evoluir com a redução da pressão de suporte e pressão positiva expiratória final observando se o mesmo não irá apresentar desconforto, paciente evoluído confortável é possível realizar a extubação, após o procedimento pode ser ofertado oxigênio via mascara reservatório com umidificação além da associação de opiodes9.
Por esse motivo o fisioterapeuta pode atuar com técnicas que tenha ação direta no sistema respiratório, cardiovascular, neuropsíquico e na dor. Para o sistema respiratório pode se utilizar oxigenioterapia, técnicas de higiene brônquica, para diminuir a dor e o desconforto, no sistema cardiovascular pode ser utilizado de métodos profiláticos como drenagem linfática em membros inferiores, elevação dos membros e o uso de bandagens elásticas, no sistema neuropsíquico pode ser utilizado de massoterapia para induzir o relaxamento muscular, diminuindo estresse e a ansiedade, na dor, o fisioterapeuta pode utilizar de recursos analgésicos como eletroterapia, termoterapia, massoterapia ou crioterapia13.
A técnica de remoção da ventilação mecânica pode ser realizada pelo profissional intensivista, podendo ser realizado o procedimento com a remoção imediata da ventilação ou realizar um desmame ventilatório, diminuindo de forma progressiva os parâmetros ventilatórios e por fim ocorre a retirada do tubo orotraqueal e a ventilação mecânica é
desligada. Mesmo sendo um procedimento que traz benefícios para o paciente e os familiares envolvidos ainda é uma técnica pouco realizada no Brasil devido tabus religiosos, familiares e a falta de informação e a preparação da equipe para o procedimento14.
Pois o maior estresse para realização da Extubação Paliativa está ligado inicialmente aos familiares dos pacientes, e posteriormente os mesmos relataram sintomas de depressão, o fator cultural e religioso influência na decisão da técnica, pois ainda é vista como distanásia. Quando se fala dos profissionais da saúde os mesmos apresentam muita resistência a realização do procedimento, pois eles realizam a associação de bem-estar do paciente ao suporte de oxigênio e a sua retirada causa dispneia e desconforto, a falta de preparação da equipe com fundamentação teórica faz com que os profissionais associem a retirada da ventilação mecânica com eutanásia15.
Referências Bibliográficas
1 Costa SP, Sacheti L, Cassemiro M, Pietro P. Enfermeiro no âmbito da gerencia na Unidade de Terapia Intensiva: uma revisão integrativa, Revista Gestão e Saúde. 2019; 21 (1): 23- 33.
2 Barreto TL, Bueno LR, Vitti JD, Serrão Junior NF. Cuidados Paliativos em terapia intensiva: uma revisão integrativa de literatura, Revista Interdisciplinar de Promoção da Saúde. 2020; 3 (2): 75- 82.
3 Santos DCL, Silva MM, Moreira MC, Zepeda KGM, Gaspar RB. Planejamento da assistencia ao paciente em Cuidados Paliativos na terapia intensiva oncológica, Acta Paul Enferm. 2017; 30 (3): 295-300.
4 INCA- Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva. Cuidados Paliativos. 2021.
5 Matsumoto DY. Cuidados Paliativos: conceito, fundamentos e princípios. Paliativos, Academia Nacional de Cuidados. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2. Ed.São Paulo: Solo Editora & Design Gráfico, 2012. Cap. 1. p. 1-592.
6 ANCP- Academia Nacional de Cuidados Paliativos. Manual de Cuidados Paliativos. 2. Ed.São Paulo: Solo Editora & Design Gráfico, 2012. Cap. 1. p. 1-592.
7. Peixoto FM, Nascimento, FBS, Paschoini BAS, Santana DSP. Os benefícios da Extubação Paliativa na qualidade de morte. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social. 2020; 8 (2): 306-314.
8 Cardoso MS. Extubação Paliativa: revisão de literatura. DSpace Repository. 2020; 1: 1-31.
9 Coelho CBT, Yankaskas JR. Novos conceitos em Cuidados Paliativos na Unidade de Terapia Intensiva. Revista Brasileira Terapia Intensiva. 2017; 29 (2): 222- 230.
10 Lacerda FH, Checoli PG, Silva CMD, Brandão CE, Forte DN, Besen BAMP. Retirada da ventilação mecânica como procedimento paliativo, em uma unidade de terapia intensiva brasileira. Revista Brasileira Terapia Intensiva. 2020; 32 (4): 528-534.
11 Louro B, Paiva BKR, Estevão a. Extubação Paliativa em pacientes terminais: revisão integrativa. Revista Brasileira de Cancerologia. 2020; 66 (4): 1-8.
12 Andrade BA, Sera CTN, Yasukawa AS. O papel do fisioterapeuta na equipe. Manual de Cuidados Paliativos ANCP. 2012; 2: 353-357.
13Nunes RB, Biazus M, Moretto CF. A fisioterapia no Cuidado Paliativo de pacientes com neoplasia maligna afetados pela Síndrome de Imobilismo. O cuidado na multidimensionalidade do envelhecimento humano, Livraria e EditoraMéritos Ltda.2015, 123-139.
14 Natividade TSS, Coelho PYC, Aguiar DR, Silva GL, Silva RB, Soeiro ACV. Extubação Paliativa: reflexões bioéticas sobre cuidados em fim de vida. Revista Bioética. 2021; 29 (3): 558-566.
15 Rebelatto G. Análise descritiva dos pacientes submetidos à Extubação Paliativa. Repositório Institucional UFSC. 2015: 1-46.
Artigo Publicado: 21/04/2022
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